domingo, 15 de janeiro de 2012

Uma Entrevista (imaginária) a Sophia de Mello Breyner Andresen



Vemos nela uma das maiores poetisas e contistas do século XX. O nosso objetivo é conhecer e divulgar alguns aspetos da sua vida e, sobretudo, da sua relação com a narrativa e com a poesia.


Sabemos que não aprecia ser entrevistada e, por isso, ficamos eternamente reconhecidos por ter concordado em estar aqui connosco para nos falar um pouco de si e da sua obra. Ela é Sophia de Mello Breyner Andresen.

Pedro: Gostaria de começar por lhe perguntar com quantos anos começou a ter este gosto pela escrita e pela literatura?

Sophia: Bem, eu nasci a 6 de Novembro de 1919, no Porto, e comecei a gostar da escrita desde muito cedo. Por volta dos três anos já gostava de ouvir contos e poesias, e até decorá-los para ocasiões especiais!

Pedro: Então, tem 92 anos. Sei que o seu marido, já falecido, chamava-se Francisco Sousa Tavares e era jornalista, político e advogado. Casou com quantos anos?

Sophia: Casei-me com 27 anos, no ano de 1946. Tivemos cinco filhos maravilhosos e vivemos muito felizes.

Pedro: E o que fazem eles, também são escritores?

Sophia: Apenas um é escritor: é o meu Miguel, que deve conhecer, pois, aparece frequentemente na televisão. O Miguel para além de escritor também é jornalista. Tenho uma filha, que é professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Outro é artista, vive da pintura e da cerâmica. E a outra, que herdou o meu nome, é terapeuta ocupacional.

Pedro: O que recorda mais da sua infância?

Sophia: Principalmente as casas.

Pedro: Que curioso, porquê?

Sophia: Eu lembro-me das casas quarto por quarto e móvel por móvel, e descrevo-as nas minhas obras para que a sua memória não se perca e não ande à deriva.

Pedro: Em que altura do dia gosta mais de escrever?

Sophia: Costumo escrever à noite, pois necessito daquela concentração e inspiração especial que se vai criando pela noite fora, talvez provocada pelo silêncio.

Pedro: O contacto com a Natureza marcou profundamente a sua obra, porquê?

Sophia: Para mim a natureza é um exemplo de liberdade, beleza, perfeição e de mistério. Eu gosto de citá-la nas minhas obras, descrevendo tanto a terra como o mar.

Pedro: Tem noção de quantas obras tem publicadas?

Sophia: Devem ser umas trinta e três.

Pedro: Exatamente. Vinte e uma são obras de poesia, duas são contos, oito são contos infantis e ainda duas peças de teatro.

Sophia: Uau! Vejo que fez o trabalho de casa.

Pedro: É verdade, mas ainda não viu tudo. Sabe quantos prémios ganhou em toda a sua vida?

Sophia: Já lhes perdi a conta.

Pedro: Foram dezoito prémios.

Sophia: Não fazia ideia.

Pedro: Muito obrigado pela sua entrevista. Especialmente porque sei que não gosta de ser entrevistada.

Sophia: Foi um prazer.


AUTOR: Pedro Miguel Santos Fidalgo Ferreira, nº 18 do 7ºC