domingo, 15 de novembro de 2009

O meu cãoputador

Naquelas raras vezes em que o dia estava extremamente chuvoso, mais exactamente uma tempestade, éramos quase “obrigados” a ficar em casa. Nesses dias não havia escola pois não tinha as devidas condições, e nós que morrêssemos de tédio em casa. Lá fazíamos o que podíamos para nos distrairmos. Televisão, playsation, computador, música e Net eram algumas das nossas actividades.
Bom, hoje era um desses dias. Estava eu em casa, no meu computador, na Net. Os sites estava “secos”, parecia até que tinham sido afectados pela camada cinzenta da tempestade (como se isso fosse possível, devia estar mesmo a imaginar coisas). Outra coisa inexplicável era o meu terrível cansaço, pois nos últimos dias não tinha feito nenhum exercício de especial, a não ser subir e descer escadas, já que podia sair de casa.

***

Não sabendo como aconteceu, espreguicei-me e olhei à minha volta. Foi aí que me sobressaltei! O que acontecera ao meu computador? Um computador (se é que podia chamar assim) em forma de cão? A primeira impressão foi de preperlexidade, mas depois de olhar com mais atenção, ele era tão querido! O dorso servia de teclado, a sua patinha direita servia de rato e os seus adoráveis e gigantes olhos transmitiam o monitor. Que encantador! Mas ainda assim não sabia a resposta mais importante: O que aconteceu?
Saí da cama e fiz uma ronda à casa. Estava exactamente igual à minha, à excepção do meu agora cãoputador. Fitei-o e ele fitou-me. Iluminou-se nos seus olhos de monitor, o meu rosto pasmado. Fiquei ali. Pensei no que haveria de fazer, e foi então que me lembrei de experimentá-lo eu própria.
Fui até junto dele, mas sentia-me prestes a entrar em pânico: o que iria eu fazer? Nunca tinha trabalhado com um cãoputador! E se o magoasse, ele magoava a mim? Devia pedir-lhe para experimentar? Não pensando em mais nada, fui até junto dele e perguntei:
- Posso?
Ele fez um aceno solene, permitindo-me avançar. Coloquei a minha mão sobre o seu rato-pata e deslizei pelo edredão da cama. Que sensação extraordinária! Aquele deslize até podia ser comparado ao deslizar de um patinador profissional rápido, seguro e extremamente natural. Foi assim com o resto dos instrumentos do meu novo cãoputador. Eram sensações fantásticas!
Voltei a olhar para o relógio, eram quase 22.00h. Como o tempo tinha passado a voar, ou neste caso, a ladrar.
Ao mesmo tempo que via as horas, sentia a suavidade do edredão nas palmas das minhas mãos. Tinha de certificar-me que tudo isto era real.
Não o deveria ter feito!

***

Foi nesse instante que voltei a acordar, com os gritos de repreensão da minha mãe. Ela resmungava por ainda estar acordada. Olhei o relógio, 22 em ponto. Parecia tudo igual ao momento anterior, à excepção de… O meu cãoputador tinha voltado ao normal!
Nesse momento, encontrei a resposta à pergunta mais fulcral de todas: O que me tinha acontecido? Aparentemente adormeci devido ao cansaço e a tempestade alterou os meus sonhos, moldando-os com uma imaginação incontrolável.
Olhei a janela. O céu estava negro e calmo. Avistavam-se as estrelas. Reflecti durante um longo momento sobre o que se tinha passado. Entretanto, cheguei à conclusão que não valia a pena. Com o céu limpo e eu morta de cansaço, queria era dormir!
Abri o edredão, coloquei as almofadas, enrosquei-me nos lençóis como um chouriço e fechei os olhos.
- Boa noite!
Rita Silva 8ºA

Sem comentários:

Enviar um comentário